24/05/2009

Impressões sobre A mulher, o homem e o cão, de Nicodemos Sena


Beatriz Bajo (24/05/2009)


É de um entrelaçamento de faltar o fôlego.

A mulher, o homem e o cão é um livro de um simbolismo que extrapola ao oferecer significados porque se mesclam entre os elementos endurecidos e fluidos, escorregadios e densos e passeiam pela mente da gente em meio a folhas e galhos de alumbramento. A tríade metamorfoseia-se em outras tantas reflexões e flexões da vida por dentro, costurando uma rede finíssima com as agulhas da solidão e da angústia que nos pincha os olhos à escuridãozinha da melancolia que permeia a selva-segredos dos questionamentos e medos emaranhados pelos nossos cipós dogmáticos norteadores das trilhas. Um tropeço e tudo se desata, ou implexa, perplexa os entendimentos e sensações ao mítico enredo permeado de multiplicidade e apagamentos.

Nicodemos Sena escreve A mulher, o homem e o cão como quem enfeitiça, levando-nos a devorar suas imagens, a investigar suas personagens com a ânsia das interrogações que esfregam suas unhas nos desejos de conhecer todas as histórias que brotam, reflorescem e murcham dentro da prosa instigante que cabe na escritura fantástica dessa obra.

Toda a humildade se curva ao enovelado contexto em que o homem é uma pequenina parte diante da suntuosidade da natureza e das carapuças em que os mortais caem frente aos seus valores e crenças, vestidos com as cores arquetípicas do feminino, do masculino e do cão, com as suas ambigüidades aparentes e surpreendentes.

Para quem se interessa pelo enredamento da existência, pelos seus enigmas, provocações e indagações...vale à pena dar uma conferida.


SENA, Nicodemos. A mulher, o homem e o cão. Taubaté, SP: LetraSelvagem, 2009.


Nicodemos Sena nasceu no dia 8 de julho de 1958, em Santarém (PA), Amazônia brasileira, onde viveu até 1977. Em São Paulo, formou-se em Jornalismo (PUC) e em Direito (USP). Em 1999, estreou com o romance A espera do nunca mais – uma saga amazônica (Editora Cejup, Belém, PA, 876 páginas), por meio do qual conquistou em 2000 o Prêmio Lima Barreto/Brasil 500 Anos, da União Brasileira de Escritores (UBE/Rio de Janeiro).
Seu segundo romance foi publicado pela mesma editora, Cejup, em 2003 e chama-se A noite é dos pássaros. Reside, atualmente, em Taubaté (SP).


O lançamento de A mulher, o homem e o cão aconteceu juntamente com Invenção de Onira, de Sant’Ana Pereira, no dia 20 de maio agora, pela LetraSelvagem, seguidos de debates com os críticos Oscar D' Ambrósio e Dirce Lorimier, na Casa das Rosas, em Sampa.

Nicodemos também faz parte do conselho gestor da editora LetraSelvagem e faz-se importante divulgar a proposta da mesma:


“Criada no Brasil, em 2007, a LetraSelvagem tem como objetivos incentivar o gosto pela leitura e promover a linguagem literária; promover atividades que estimulem a tomada de consciência pelas populações, povos e etnias submetidos a qualquer tipo de dominação; defender a produção literária, especialmente a brasileira e latino-americana, em face dos problemas decorrentes da economia “globalizada” e dos interesses do capitalismo predatório; apoiar, produzir e incentivar gestões direcionadas ao resgate cultural das populações, povos e etnias marginalizados, visando a democratização do acesso aos bens culturais.

A fim de manter sua total autonomia em relação aos poderes do Estado, a LetraSelvagem rejeita toda e qualquer ajuda do erário público.”

http://www.letraselvagem.com.br/


Por um feliz acontecimento, temos Marcelo Ariel como amigo em comum...e pude receber o livro antes do lançamento e ainda encontrá-lo por trás do vitralzinho virtual. Fica o registro do encontro (rs).



2 comentários:

  1. Olá Amigos
    Sou amigo do Nicodemos, fiz uma resenha do livro dele Uma Mulher, Um Homem e o Cão... estive na Casa das Rosas, depois que ele der ok posso mandar pra vcs a resenha? Ele já conhece a minha critica, só precisa dar um ok para eu veicular em alguns dos quase 500 sites com os quais colaboro
    Abraços
    Silas Correa Leite
    Meu blog
    www.portas-lapsos.zip.net

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  2. olá Silas...claro que pode, ôxe! rs...fique à vontade. ;)

    amplexos!

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